sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Zeca Pagodinho é o homenageado da Sibipiruna





Por SIMONE SILVA E MILENA MACHADO

“A lua
Quando clareia o terreiro
Em forma de pandeiro
O samba brasileiro fica mais bonito...”
(Trec ho de Lua de Ogum, de Zeca Pagodinho e Ratinho)


O terreiro do Sibipiruna vai ficar mais bonito nesse domingo, pois irá homenagear um devoto de Ogum - guerreiro valente, que veio de Aruanda - e um versador de respeito: ZECA PAGODINHO. 
De nome Jessé Gomes da Silva Filho, nascido no Rio de Janeiro em 1959, Zeca Pagodinho (que de Pagodinho só tem o nome, porque faz samba, sim senhor, e mostra pra gente, com humildade, que pagode é festa, e que no pagode todos podem entrar), conquistou o público com o seu jeito simples e singelo de cantar e compor sambas.

O samba de Zeca veio de sua família, pois desde pequeno frequentou rodas de samba e de terreiro. Encontrou sua “segunda casa” – o Cacique de Ramos - que o acolheu e o ajudou a alavancar sua carreira. Vivendo a onda dos “pagodes” (encontros de sambistas) que surgiram no subúrbio do Rio de Janeiro nos anos 80, Zeca se destaca primeiramente como compositor, nos encontros na quadra do Cacique de Ramos. Juntamente com Almir Guineto, Jorge Aragão, Marquinhos Satã, Arlindo Cruz, Sombrinha, Jovelina Pérola Negra e Luiz Carlos da Vila, e tantos outros, nos pagodes sempre buscava o resgate dos sambas de partido alto, sambas de quadra e sambas de roda. Em 1985 a RGE lançou a coletânea "Raça Brasileira". Entre as canções de Zeca estavam "Mal de Amor", "Garrafeiro", "A Vaca" e "Bagaço da Laranja". A partir daí nunca mais parou de gravar. 

Com o sucesso alcançado, Zeca (assim como Bezerra da Silva), “empresta” sua popularidade como intérprete para gravar sambas de autores da comunidade, dando-lhes visibilidade, oportunidades de mercado e de profissionalização. Além disso, idealiza e viabiliza a abertura de uma escola de música em Xerém para a comunidade: “todo mundo deveria estudar música. Música é tudo. Quem tem música, tem boa cabeça”. 

Transitando entre o subúrbio do Rio e os Citibank e Credicard Hall, entre os amigos da roda de samba em Xerém e a elite consumidora de samba, Zeca sempre manteve sua humildade, apesar do sucesso. Fugindo ao estereótipo (e fato) do “sambista que morre pobre e sem reconhecimento”, conquistou fortuna e fama em todas as classes sociais, e ajudou a reavivar o nosso samba – que nunca, nunca morreu, mas que ficou muito tempo nas beiradas da música popular brasileira esperando o seu renascer. 

ZECA PAGODINHO, você que sempre está presente nessa roda aberta, hoje publicamos em letras garrafais: A HOMENAGEM É TODA SUA!!!

Brindemos, cantemos e bebemos, do jeito que você gosta. Tim-Tim!!!

Zeca é Pedro (comentários à música Lá Vai Marola)


Por ROBSON GABIONETA (Robinho)

Zeca Pagodinho é Pedro Batuque, é aquela que captou a tradição do samba e agora, seja no meio da praça ou em cima de um palco, na raça ou pela raça ele bota o povo para sambar, para brincar, para paquerar, para extravasar, para beber, para fumar. É assim, que Pedro Zeca se lembra de Angola ou da Guiné, é assim que mantem contato com seus ancestrais, é assim que Pedro Zeca se defende contra a falta de sentido do nosso tempo, é assim que Pedro Zeca vive. Por causa disso, ou só por causa disso seu batuque tem quilombola e candomblé, tem autorização para fazer as mulheres e os homens deitarem e rolarem.E  mais que autorização de Ogum, padroeiro de Zeca Pagodinho, Pedro Zeca é de todos os orixás, de todos os santos. Só assim ele pode cantar todas as vertentes de samba para todos os tipos de pessoas. Quando Zeca Pedro quer tocar, quer batucar, ele nos ensina, ele nos mostra suas origens, ele mostra seu presente, ele mostra o que quer, ele abre o coração, ele abre os braços nos chamando (como Zeca Pagodinho faz no min. 0:26) para tocar, para cantar, para festejar, para ser, para voltar a Angola e a Daomé.




Zeca Pagodinho é gente nosso, produto do mundo que vivemos, precisa se apresentar para viver, precisa representar o brasil fora do brasil, é nosso representante ideal. Mas reparem no min 0:21, quando Zeca diz que pedro, ele mesmo, bota na raça o povo para sambar, ele aponta o dedo para alguém como se dissesse 'eu boto o povo para sambar, mas to velho, está na hora de você colocar o povo para sambar, então, antes de fazer isso, venha comigo que eu te ensino, eu te mostro o que fiz e o que você precisa fazer, você deve fazer isso do teu jeito mas respeite a tradição da qual fazemos parte'.

O Projeto de Samba Sibipiruna também fará uma singela homenagem a dois sambistas que nos deixaram este mês, e foram fazer samba com os bambas lá no céu: Nelson Primo (componente da Velha Guarda da Camisa Verde e Branco) e Paquera (integrante do Samba da Vela).





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