sábado, 4 de julho de 2015

Nosso caro amigo Chico

     

     
     Setenta e um anos atrás, no início de julho de 1944, "a cobra fumou". Depois de muito hesitar, querendo manter o Brasil neutro na Segunda Guerra Mundial, Getúlio Vargas, que nutria simpatia pelos regimes fascistas, decidiu mandar os primeiros soldados brasileiros para engrossar as fileiras aliadas contra o Eixo. Pouco tempo antes, em 19 de junho, nascera em uma maternidade do Catete, no Rio de Janeiro, Francisco Buarque de Hollanda, o quarto filho dos sete que tiveram Maria Amélia Alvim e Sérgio Buarque de Holanda. Pai paulista, avô pernambucano, bisavô mineiro, tataravô baiano, como cantou em Paratodos. Da mãe herdou o amor pelo Fluminense. Dono de um par de olhos cuja cor nunca deixou de ser motivo de discussão. Seriam verdes, azuis ou "cor de ardósia", como na ficha policial de FBH, "pivete" preso pelo furto de um carro aos 17 anos?

     A mãe de Chico, Maria Amélia, tocava piano, tendo estudado quando criança para se tornar concertista. O pai, Sérgio, um dos maiores intelectuais do país, segundo Chico tocava um "piano quadrado", era um grande apreciador de nossa cultura popular e gostava de ouvir sambas antigos. Nesse ambiente musical, Chico teria começado a cantar antes mesmo de falar e conheceu Noel Rosa, Geraldo Pereira e Wilson Batista, dentre outros. Nas cantorias promovidas por Vinícius em sua casa, tinha a chance de ouvir - escondido dos pais, atrás da porta - outros compositores: Ataulfo Alves, Luiz Gonzaga, Ismael Silva. Mas ele conta que gostava mesmo era de música norte-americana e queria ser baterista de jazz. Da infância na Haddock Lobo, em São Paulo, ficou o gosto pelas peladas, que eram interrompidas de vez em quando pela "morte" - os carros que passavam.

     Em 1953, mudou-se com a família para Roma, na Itália, onde o pai foi trabalhar na embaixada brasileira até ser convidado a dirigir o Museu Paulista (atualmente Museu do Ipiranga) em 1955. Chico voltou a morar em São Paulo, mas não mais na Haddock Lobo. Nessa época aprendeu a tocar os primeiros acordes com a irmã mais velha, Miúcha, que lhe emprestou o violão e também o dinheiro para comprar os LPs de João Gilberto, que fez Chico gostar mais de MPB que de música norte-americana. Depois de ouvir Chega de saudade, como ele conta, resolveu aprender aquele samba estilizado e animou-se a compor para valer.

     Aos 15 anos, em 1959, compôs a primeira música, Canção dos olhos, que se transformou num verdadeiro hit do Colégio Santa Cruz: “Meu Deus, o que será que tem/Nesses olhos teus/O que será que tem/Pra me seduzir?". Com a batida da bossa nova dominada, compôs outros sambas e começou a fazer pequenos shows na escola. Anos mais tarde, em 1963, entrou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), da Universidade de São Paulo, simplesmente por não querer ser engenheiro nem advogado nem médico. E continuou a compor seus "sambinhas" e passou a frequentar o Sambafo, a roda de samba que acontecia no porão do prédio da FAU e recebia convidados como Toquinho e João do Vale. Chico, desde quando ainda era menor de idade, também frequentava o Juão Sebastião Bar, um dos pontos de encontro preferidos do pessoal da bossa nova na cidade de São Paulo.

     Ele estava no segundo ano da FAU quando viu a ditadura se instaurar no país em 1964, ano em que fez sua primeira apresentação profissional. Tinha 19 anos. De acordo com o produtor desse show, Walter Silva, era "um moço de 19 anos lembrando um compositor antigo. Muito antigo. Mas que letras, que rimas, que cultura gramatical e que conhecimentos históricos tinha aquele quase adolescente que me empolgava, embriagava, me embargava e me obrigava a aplaudi-lo!”.

     Fez então o que considera sua primeira composição, Tem mais samba, para um musical chamado Balanço de Orfeu, de Luiz Vergueiro. Mas, a essa altura, já era um compositor conhecido entre os universitários e colecionava alguns sucessos. Dentre eles estava Marcha para um dia de sol, cuja letra dizia: “Eu quero ver um dia/ Numa só canção/ O pobre e o rico/ Andando mão em mão/ Que nada falte/ Que nada sobre/ O pão do rico/O pão do pobre”.

     O primeiro cachê Chico recebeu pela participação, em 23 de dezembro de 1964, em um show produzido por Walter Silva, O momento é bossa, no Cine Ouro Verde, aqui em Campinas. Torrou com os amigos o que ganhou e tomou pito da mãe, que não gostou de saber que a música tinha se tornado mais que um passatempo na vida do filho. "Que vergonha!", teria dito dona Maria Amélia. Mais que um passatempo remunerado, para desgosto de sua mãe, ali começava uma das mais prolíficas e sólidas carreiras artísticas da música brasileira.

     Vieram os festivais. O primeiro de Chico foi o Festival Nacional de Música Popular Brasileira da TV Excelsior, em março de 1965. O compositor inscreveu Sonho de um carnaval, que foi interpretada por Geraldo Vandré, mas não agradou. O samba sequer passou da etapa eliminatória. No ano seguinte, porém, a história seria outra. A marcha A banda empatou em primeiro lugar com a Disparada de Geraldo Vandré e Théo de Barros no II Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record.

     Então Chico se consagrou em escala nacional. Rapidamente, ficou com a agenda lotada de shows e suas músicas faziam vender milhares de discos. A partir daí não deixou de registrar em disco seu lirismo e colecionar títulos, prêmios e fãs. Nessa época Chico conheceu Marieta Severo, com quem logo se casaria para dividir com ela grande parte de sua vida e três filhas: Silvia, Helena e Luísa.

     No ano seguinte, 1967, ficou em terceiro lugar no III Festival de Música Popular Brasileira com Roda viva. E em 1968, no III Festival Internacional da Canção, a canção Sabiá, feita em parceria com Tom Jobim foi a grande vencedora. Foi uma vitória com sabor amargo, recebida sob vaias do público que lotou o ginásio do Maracanãzinho e torcia pela marcha de Geraldo Vandré, Para dizer que não falei das flores. Enquanto Vandré foi explicitamente político, Sabiá abordou sutilmente, metaforicamente, os que se encontravam exilados, fazendo referência à Canção do exílio de Gonçalves Dias. 
     Ainda em 1968, na 1ª Bienal do Samba, evento organizado pela TV Record, o samba Bom tempo (no qual podemos perceber que Chico tinha sotaque paulista) fica em segundo lugar, perdendo para Lapinha, composição de Baden Powell e Paulo Cesar Pinheiro. E no IV Festival de Música Popular Brasileira da Record, o samba Bem-vinda foi defendido por Chico e pelos meninos do MPB-4 e tornou-se o preferido do júri popular na final. Mas quem venceu foi Tom Zé, que defendeu São, São Paulo, meu amor.

     E o ano se encerrou com o ato institucional número 5, decretado em 13 de dezembro, proibindo qualquer tipo de manifestação política. Logo Chico seria interrogado, apesar de se encontrar nessa época afastado da militância. Por isso o amigo Vinícius o incentivou a deixar o país. Seguindo o conselho do amigo, Chico e Marieta Severo se mudaram para Roma em 1o de janeiro de 1969.


De gravação em gravação

     Foi em maio de 1965 que o compositor gravou pela RGE seu primeiro compacto, com Sonho de um carnaval no lado A. No lado B havia Pedro pedreiro, que caiu no gosto de todos que ouviram. No final do mesmo ano foi lançado o segundo compacto de Chico, com Meu refrão e Olê olá. Em 1966 foi a vez do primeiro LP, Chico Buarque de Hollanda vol.1, cuja capa é muito conhecida até hoje por circular como meme no Facebook (Chico sorridente x Chico sério). Nesse disco estão A banda, Tem mais samba, A Rita (na qual Chico homenageia Noel), Juca e Madalena foi pro mar, entre outras.

     Em 1967 lançou o LP Chico Buarque de Hollanda vol.2, no qual destacamos: Fica, Lua cheia, feita em parceria com Toquinho, a marcha-rancho Noite dos mascarados e os sambas Quem te viu, quem te vê e Com açúcar, com afeto. E o volume 3 não tardaria a vir, sendo lançado em 1968, contendo Roda Viva, Carolina, Ela desatinou, Sem fantasia e Retrato em branco e preto, feita com o parceiro Tom. Já o quarto LP da série Chico Buarque de Hollanda foi gravado por correspondência, durante o autoexílio na Itália. Nele encontramos as primeiras gravações Samba e amor, Essa moça tá diferente e Gente humilde. Gravou ainda Chico Buarque de Hollanda na Itália (RGE) e Per un pugno di samba (RCA), com suas composições vertidas para o italiano.

     Quando a família voltou ao Brasil, em 1970, depois de 14 meses fora, encontrou um clima pesadíssimo. A situação não tinha melhorado: pessoas eram torturadas ou desapareciam. Nervoso com o que viu, Chico compôs então o samba Apesar de você, que foi lançado pela Philips em um compacto. No lado B havia o samba Desalento, feito com o parceiro Vinicius. Por incrível que pareça - nem Chico acreditava que a música passaria-, o samba recebeu a aprovação da censura, que já lhe proibira Tamandaré, que ofenderia o patrono da Marinha brasileira. Depois que cem mil cópias do compacto tinham sido vendidas, um jornal insinuou que o samba era uma "homenagem" ao presidente Emilio Garrastazu Médici. O disco entrou na lista negra da ditadura. Agentes invadiram a gravadora e destruíram os exemplares que encontraram. Interrogado sobre o samba, Chico se defendeu dizendo que "você" era uma mulher mandona. E voltou a gravá-lo em 1978.

     O LP Construção foi lançado em 1971 como Deus lhe pague, Cotidiano, Olha, Maria (com Vinicius de Moraes e Tom Jobim), Samba de Orly (com Vinicius e Toquinho) e Construção. Com versos que terminam em proparoxítonas - última, única, próximo, príncipe, tráfego, trânsito-, essa canção tinha presença obrigatória em nossas antologias escolares. No ano seguinte lançou pela Philips o LP Quando o carnaval chegar, com as músicas que compôs para o filme homônimo de Cacá Diegues no qual Chico estreou como ator de cinema: além da canção que tem o nome do filme, Baioque, Bom conselho, Mambembe e Partido alto, dentre outras. Em 1973, a Philips lançou o LP Chico canta, com as músicas compostas para a peça Calabar, o elogia da traição, escrita em parceria com Ruy Guerra e proibida pela censura. O disco contém músicas como Tatuagem, Bárbara, Fado tropical, Tira as mãos de mim e Você vai me seguir, feitas também em parceria com o cineasta. Foi liberado pela censura, mas não com o nome original: Chico canta Calabar.

     Com a censura no seu encalço, interditando todas as músicas assinadas por ele, em 1974 Chico lançou um disco em que interpreta músicas de outros compositores: Gilberto Gil, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Geraldo Pereira, Noel Rosa, Tom Jobim, Dorival Caymmi e Julinho da Adelaide. Esse desconhecido era o autor do samba Acorda, amor, que fala do pesadelo real que é a chegada da "dura numa muito escura viatura". Julinho chegou a dar uma entrevista a Mário Prata no jornal Última Hora. Seria o compositor também de Jorge Maravilha, que Chico jura não ter sido feita para provocar o todo-poderoso general Ernesto Geisel. "Você não gosta de mim/mas sua filha gosta".... Só que não: Julinho era o próprio Chico tentando se esquivar das garras da censura. No ano seguinte, uma matéria do Jornal do Brasil revelou seu artifício. E lá se foi Julinho... e os censores, enfurecidos com o truque e o responsável por ele, passaram a exigir que cópias do RG e do CPF dos compositores fossem enviadas com as músicas que seriam avaliadas.

     É de 1976 o disco Meus caros amigos, lançado pela Philips, que tem Meu caro amigo, escrita para o amigo Augusto Boal, então no exílio, e muitas outras canções que se destacam no repertório de Chico, como Corrente, Mulheres de Atenas e Vai trabalhar, vagabundo, composta para o filme homônimo de Hugo Carvana. E logo as crianças seriam brindadas com as versões em português que fez para as canções de Sérgio Bardotti e Luiz Enriquez para o musical infantil Saltimbancos. O LP Saltimbancos, lançado em 1977, reuniu canções que marcaram a infância de quem as ouviu, dentre as quais A história de uma gata, O jumento, Um dia de cão e Todos juntos.

     Aos adultos, em 1978, Chico brindou com as composições que fez para o musical Ópera do Malandro, escrito por ele com base na Ópera dos Mendigos, de John Gay, e na Ópera de três vinténs, de Bertolt Brecht e Kurt Weill. O malandro e O malandro no2 foram versões feitas para canções originais de Brecht e Weill, mas a maior parte das músicas foi feita por Chico. Dentre elas estão Geni e o Zepelim, Homenagem ao malandro, Teresinha, Folhetim e Pedaço de mim. No mesmo ano, o LP Ópera do Malandro foi lançado pela Philips, que também lançou o disco Chico Buarque, no qual encontramos Até o fim, Feijoada completa, Pivete, Tanto mar e Apesar de você. Em 1980 lança pela Philips o LP Vida, que tem Deixa a menina, Eu te amo, Morena de Angola, que ficou conhecida na voz de Clara Nunes, e Bastidores, popularizada por Cauby Peixoto.

     O LP Almanaque, lançado em 1982, tem capa e encarte primorosos, criados por Elifas Andreato como um almanaque, contendo calendário, horóscopo, charada, "pensamento", além da ficha técnica e das letras das canções, como Almanaque, As vitrines, Ela é dançarina, A voz do dono e o dono da voz e Amor barato. Com o novo parceiro, Edu Lobo, pôs-se a criar uma obra prima. Os dois compuseram dez canções para o balé chamado O grande circo místico, com roteiro de Naum Alves de Souza baseado em um poema de Jorge de Lima. O espetáculo estreou em março de 1983, quando também saiu o disco contendo, dentre outras, Na carreira, Beatriz, A história de Lily Braun e a impagável Ciranda da bailarina.

     Depois veio outro LP Chico Buarque, lançado pela Barclay/Ariola em 1984. É o disco que tem Vai passar, como Pelas tabelas, Suburbano coração, Brejo da Cruz e Mano a mano, esta última feita em parceria com João Bosco. Em 1987, a BMG-Ariola lançou Francisco, disco no qual Chico gravou Estação derradeira e Todo o sentimento, dentre outras. Dois anos mais tarde seria lançado outro disco intitulado Chico Buarque, pela BMG-Ariola, com as primeiras gravações de canções que ele revisitaria em discos futuros: Uma palavra, Morro Dois Irmãos, Trapaças, O futebol e A mais bonita. Em Paratodos, lançado pela BMG-Ariola em 1993, podemos destacar o baião homônimo, Futuros amantes, De volta ao samba e Biscate, gravada com Gal Costa. O CD Uma palavra, lançado em 1995 pela BMG, é feito de releituras de suas próprias composições.

     Em 1997, Chico homenageou a Mangueira, sua eleita entre as escolas de samba do Rio, compondo o samba exaltação Chão de Esmeraldas e gravando o CD Chico Buarque de Mangueira, lançado pela BMG Brasil, no qual diversos intérpretes cantam clássicos dos compositores da escola. Neste CD Chico Divina dama e Sala de recepção, sambas de Cartola, e Exaltação à Mangueira, de Enéas Brites e Aloísio Costa. E em 1998 Chico foi o enredo do desfile da Estação Primeira de Mangueira, que comemorava então seu 70º aniversário e sagrou-se campeã - mesmo tendo de dividir o prêmio com a Beija-Flor-. Foi o ano do lançamento do CD As cidades pela BMG/Brasil, no qual Chico gravou Injuriado, Xote de navegação, música feita com o agora saudoso Dominguinhos, e a delicada Você, você, resultante de parceria com violonista Guinga. Em 2006 foi lançado o CD Carioca, o primeiro feito com a gravadora Biscoito Fino, que cinco anos mais tarde lançou o CD Chico.


Outras artes e parceiros

     Desde quando aceitou musicar Morte e vida severina, Chico criou muitas músicas de grande força e/ou beleza para o teatro e o cinema, começando pelo Funeral de um lavrador. Roda viva e Sem fantasia para Roda Viva (1968). Já falamos nas canções criadas pro filme de Cacá Diegues, Quando o carnaval chegar. Joana francesa Chico compôs para um filme de Cacá Diegues que tinha Jeanne Moreau como protagonista. As músicas de Calabar, como vimos, foram reunidas em disco apesar de a peça ter sido vetada para ser encenada somente em 1980.

     Dentre outras grandes canções que Chico compôs para filmes estão: Vai trabalhar, vagabundo, Flor da idade, O que será?, Eu te amo, Bye, bye, Brasil, A violeira, Imagina. E a lista de canções que Chico compôs para o teatro não fica atrás, incluindo: Passaredo, Quadrilha, Bem querer, Gota d'água, Mulheres de Atenas, Choro bandido, Bancarrota blues e Tango de Nancy, dentre muitas outras. Mar e lua, por sua vez, foi composta para o espetáculo de dança Geni.

     Dos parceiros, o mais estimado era o "maestro soberano", para quem disse mostrar tudo que fazia até que Tom faleceu. A parceria entre os dois começou em 1966, com Chico pondo letra no tema Zíngaro e transformá-lo no Retrato em branco e preto. Mas a lista de parceiros inclui uma série de grandes músicos e/ou letristas da MPB: Vinicius, Toquinho, Gilberto Gil, Francis Hime, Ruy Guerra, Miltinho, Djavan (A rosa e Tanta saudade), Edu Lobo, Hermínio Bello de Carvalho, Dori Caymmi, João Bosco, Guinga.

Chico na Roda

     Diversos personagens cantados por Chico frequentam regularmente a roda aberta do Sibipiruna, como a Rita, o guri e o malandro cuja homenagem leva todos a descer até o chão. Mas desta vez ele é nosso homenageado, recebendo atenção e carinho especiais, e seus sambas vão passar na esquina onde celebramos, a cada primeiro domingo do mês, o velho e o novo samba popular. Quem não conhece a obra do Chico terá uma bela oportunidade de conhecer. Quem já conhece está convidado para cantar conosco. "Vem, que passa teu sofrer/Se todo mundo sambasse, seria mais fácil viver"!
                                                                           
                                                                                                                                Flávia Natércia

Fontes:
http://www.multirio.rj.gov.br/login/images/PDFs/biografia-chicobuarque.pdf
http://www.chicobuarque.com.br

http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/NELIM/ensaios_artigos/heloisa_chicobuarqueeacensura.pdf