sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Mussum, Sócrates e os Originais do Samba


A primeira imagem que temos quando lembramos de Mussum, é de um dos integrantes mais engraçados do quarteto de comediantes que alegrava a nossa infância todo o final de domingo com peripécias e picardias, os Trapalhões. Poucos sabem, no entanto, que esse integrante negro, que representava a síntese irônica da malandragem suburbana, que tinha um linguajar próprio e adorava um “mé”, foi um dos primeiros integrantes de um dos grupos de samba mais famosos da década de 1970 e 1980, os “Originais do Samba”.

Nascido em 1941, no Morro da Cachoeirinha (Zona Norte do Rio de Janeiro), Antônio Carlos Bernardes Gomes (Mussum), antes de ser reconhecido artisticamente, foi ajustador mecânico, trabalhando por oito anos na Força Aérea Brasileira. Neste período aproveitou para participar da Caravana Cultural da Música de Carlos Machado.



Por sua vez, história do grupo “Os Originais do Samba” (anteriormente “Os Sete Modernos do Samba”) tem como origem a agregação de diversos ritmistas oriundos de diversas escolas de samba (inclusive Mussum). Depois de passar um período de ostracismo no Rio de Janeiro e no México, “Os Originais do Samba” passou a deslanchar nos últimos anos da década de 1960 em São Paulo, caracterizados pelo estilo particular de canto coral, vestimentas e uma leve dose de ironia em suas canções e comportamentos. Em 1968 acompanharam Elis Regina na apresentação da música vencedora da I Bienal do Samba, “Lapinha”, de Baden Powell e P.C. Pinheiro. Em 1969 o grupo “estourou” nacionalmente com a música “Cadê Teresa”, de Jorge Ben, tornando-se, a partir de então, um dos principais grupos de samba do país.

O comportamento irônico e engraçado esbanjado nas falas e atitudes de Mussum (apelido dado por Grande Otelo) atraiu a atenção de Wilton Franco, convidando-o a participar do grupo humorístico os Trapalhões ainda em 1969. Mussum dividiu a atividade de músico e humorista até o grupo começar a se apresentar na Rede Globo, ano em que deixou os “Originais do Samba”, seguindo uma carreira musical solo, com três álbuns gravados (“Água Benta” de 1978; “Descobrimento do Brasil”, 1980; e “Because Forever” de 1986).



Já o grupo “Os Originais do Samba” (grupo existente até os dias atuais) passou por diversas reformulações, tornando-se, no entanto, uma profunda referência estética dentro do mundo do samba, seja do ponto de vista rítmico, seja do ponto de melódico. Muitos grupos de samba-rock se inspiraram na estrutura e na dinâmica musical do grupo.

É importante frisar que dos integrantes da primeira formação (Bigode, Rubão, Lelei, Mussum, Chiquinho e Bidi) apenas o Bigode está vivo, participando ativamente das apresentações do grupo.
 Mussum, infelizmente, partiu muito cedo, em julho de 1994, aos 53 anos, deixando um legado artístico e cultural sui generis, constantemente relembrado e revivido pelas velhas e novas gerações.

Dentre outros ex-integrantes, queremos chamar a atenção especial para Francisco de Assis Silva Pereira, Sócrates, originário da segunda formação do grupo. Sócrates foi um grande sambista, além de violonista e compositor. Nascido em 1951, seu talento lhe rendeu mais de 500 composições e 200 canções gravadas por diversos artistas tais como Mato Grosso e Mathias, Paulo Sérgio, Carmem Silva, Ângelo Máximo, Nilton César, Os Originais do Samba, e outros, tendo um disco gravado em 1978, conhecido como “O Guitarreiro”.



Sócrates permaneceu no grupo “Os Originais do Samba” de 1993 a 2000, quando deixou o grupo por problemas de saúde. Ele também emplacou alguns sucessos tais como “Vamos decidir”, “Deixa eu poder te amar”, “Valeu”, “De corpo e alma”, “Indignado”. Hoje em dia, assim como tantos outros sambista e artistas brasileiros, Sócrates busca reativar a sua carreira musical através do reconhecimento do seu trabalho pelas diversas comunidades ao redor do Brasil.

Nada mais justo que o Projeto de Samba Sibipiruna homenageie todos aqueles que ajudaram a construir um dos grupos mais importantes do Brasil, em especial Mussum e Sócrates.

É com muito orgulho e respeito que convidamos a todos a presenciar a participação de Sócrates em nossa humilde roda. O convite está feito! Dia 01/12/2013, véspera do Dia Nacional do Samba, no Bar Esquina 108 (Rua Julia Leite de Barros, 108), a partir das 15 horas.

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