Jovelina
Pérola Negra é um típico exemplo de como o talento e a insistência conseguiu
superar o preconceito e a ignorância.
Numa sociedade machista, ainda marcada pela segregação social e racial
Jovelina, negra suburbana de Belford Roxo (Baixada Fluminense), conseguiu
alcançar o auge artístico sem abrir mão de suas origens, cantando seu povo e
sua história.
Assim como
tantos outros sambistas, e diferentemente de outras cantoras de classes sociais
menos desprivilegiadas, Perola Negra, até alcançar a fama, teve uma vida
simples e humilde, trabalhando de empregada doméstica, lavadeira e vendedora.
Nesta fase integrou a ala das Baianas da Império Serrano.
Mas foi nas
rodas de pagode, de um novo movimento de samba que passava a dominar o subúrbio
do Rio de Janeiro, que Jovelina se destacará. Foi a partir das Rodas de Samba
do Cacique de Ramos, dos Pagodes que introduziam uma nova sonoridade, sem
perder a essência rítmica e melódica do passado, que Jovelina passa a se
destacar como grande cantora, partideira e versadora. Dona de uma voz potente e
invejável, Jovelina fazia muito malandro pensar duas vezes antes de disputar um
verso: “na lei do pagode só versa quem pode quem sabe somar e não subtrair”.
Jovelina passa
a ser reconhecida pela grande mídia em 1985, ao participar de uma coletânea
(Raça Brasileira), que tinha o propósito de lançar novos nomes do samba (Zeca
Pagodinho e Mauro Diniz). Até 1998, ano de seu falecimento, Pérola Negra
colecionou inúmeros sucessos, se tornando uma das principais vozes do Samba da
época. Dentre estes, dois sambas foram consagrados, se tornando essenciais em
qualquer “roda de malandro”: Bagaço da Laranja, Sorriso Aberto.
Este último
samba, em particular, é o que melhor retrata a vida de Jovelina. Apesar de
todos os preconceitos vividos em sua vida, impõe-se a necessidade de manter
firma (balança mas não cai), com sorriso aberto, tendo o samba pra nos
confortar, mas sem perder o senso crítico, e o desejo de mudança, pra nivelar a
vida em auto astral.
Nada mais
justo que homenageá-la. Num mês marcado pela intensificação das reflexões sobre o papel da mulher nesta sociedade (que jamais
deve-se resumir apenas a este mês), o Projeto de Samba Sibipiruna tem a honra
cantar Jovelina.
O Convite
Está Feito: dia 03 de março de 2013, a partir das 15 horas, no Bar Esquina 108
(Julia Leite de Barros). É só chegar ...
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