Por Claudinei Calixto (o Tio Ney)
É mês junho,
menos raios solares incidem na frondosa copa da amada Sibipiruna; outrora seu processo
de alimentação privilegiado provocava uma sombra escura e envolvente aos
sambistas ávidos por libertar da alma poesia e amor, porém, neste mês invernal,
o que teremos será uma Sombrinha suave, mensageira da leveza e da cura,
elementos mais do que necessários para todos aqueles que batalham.
A Sombrinha da
Sibipiruna, este mês, servirá para nos cobrir com a eterna luz que emana do
samba de Montgomery Ferreira Nunis, nascido em 30 de agosto de 1959, na ex-capitania
hereditária de São Vicente, o nosso querido e mais do que familiar Sombrinha.
Todavia, o
caráter hereditário na vida de Sombrinha não reside apenas nas terras primeiramente
colonizadas nas quais nasceu, nem em seu musical código genético. Na verdade, seu
pai realizava em casa inúmeras reuniões com os bambas da baixada santista, organizando
rodas de choro e samba, incentivando e educando musicalmente todos aqueles que
estavam ao seu redor. O que provavelmente fez o pequeno Monty criar desde
inocente criança e como que por osmose, um vínculo com a harmonia e beleza,
ligação que se estreitaria ainda mais após ganhar do pai,na fina flor da
adolescência, seu primeiro violão sete cordas. Não é a toa que define a si
próprio como “Apreciador nato de
choro”.
A precocidade
de seu talento logo transformaria a fecunda, mas provinciana São Vicente num
lugar limitado para a franca expansão de seu samba. É então, como que guiado
pelos “olhos do coração”, que se dirige aos dezoito anos, para o Rio de
Janeiro, o seio do samba, levando consigo seu violão sete cordas e uma gravação
profissional com Baden Powell.
Na cidade
maravilhosa, Sombrinha que ganhou esse apelido em virtude de seu irmão “O
Sombra”, sente-se ainda mais que à vontade. Torna-se mangueirense por opção,
mas caciqueano de coração, não escondendo de ninguém que sua verdadeira escola
de samba é o Cacique de Ramos. Será justamente pajelando e enfeitiçando todos os
caciques, através de suas lindas composições, que Sombrinha fundará em 1.980, juntamente
com Jorge Aragão, Bira, Ubirany, Neoci, Almir Guinetto e Sereno, O Grupo Fundo
de Quintal, onde permaneceria por 14 anos. Dois anos após a fundação do grupo passa
a ser integrante o homem com quem formaria uma das maiores duplas da música
popular brasileira, Arlindo Cruz.
A criação do
grupo foi parte integrante de seu gênio criador, pois o processo de criação
possui para ele importância radical no ato de Ser humano, a criação seria como
que a luz da verdadeira transformação do homem e, por extensão, da própria arte
musical. No entanto, não nega de forma alguma que se encanta pela execução da
boa música e sua reprodução, apenas reconhece que é a criação de algo novo que
protagoniza as potencialidades do gênero humano. Não é por acaso que ganha por diversas
vezes o prêmio Sharp como compositor, sendo três delas consecutivas, pois trata-se
de um exímio inovador da arte.
Embora seja
inegável a importância da música em sua vida, Sombrinha a considera apenas uma parte
dela e não o todo. Dedica-se aos familiares e amigos, por vezes passa meses sem
tocar nenhum instrumento, de fato, parece que a música o segue naturalmente de
forma paralela pela mesma estrada existencial.
Considera a música Seja Sambista Também, que
compôs com o eterno parceiro Arlindo Cruz, um verdadeiro hino do samba. Quiçá
sigamos o conselho de Sombrinha: Oxalá Sejamos todos sambistas também!
Fonte:
Entrevista com Sombrinha-
Miscelânea para o programa Miscelânea: https://www.youtube.com/watch?v=cY4zxi9QWm8
Entrevista de Arlindo Cruz e
Sombrinha no Programa do Jô parte 1: https://www.youtube.com/watch?v=6CnYVohEZRA
Entrevista de Arlindo Cruz e
Sombrinha no Programa do Jô parte 2: https://www.youtube.com/watch?v=bpflrrP4WQE
Trecho da entrevista de Sombrinha
para o programa Samba na Gamboa: https://www.youtube.com/watch?v=WGvwQ9fltAM
Programa Ensaio Cultura com
Arlindo Cruz e Sombrinha: http://www.youtube.com/watch?v=AaYyVFTxuls
Por fim, o projeto de Samba Sibipiruna fará uma singela homenagem a Jair Rodrigues (através de meio de um minuto de silêncio) por conta do seu falecimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário