Quem é que não se lembra do brado
ufanista, motivado pela conjuntura política e fomentado pela conquista da
seleção de 1970? Mais do que este momento pontual, a frase revela a relação
íntima entre o Samba e o futebol, duas paixões nacionais tão distorcidas nos
dias atuais... Sem preconceito ou mania de passado, a nossa homenagem de maio
vai para dois craques da pelota que deixaram a carreira de jogador para se
dedicarem ao Samba.
Janeiro de 1996. No bairro de
Jacarepaguá, Rio, um atropelamento, uma vítima fatal e um motorista em fuga sem
prestar socorro. Fato usual nas grandes cidades brasileiras, até os dias
atuais, vitimava, desta vez, um grande Sambista, compositor e intérprete: Roberto
Ribeiro.
Apaixonado por futebol, foi goleiro
profissional pelo Goytacazes F. C. em sua cidade natal e chegou treinar no
Fluminense, mudando-se para o Rio em 1965. Mas foi a partir de 1971, defendendo
Sambas pelo Império Serrano, que ganhou destaque no universo artístico.
Cantar Roberto Ribeiro é
homenagear Dona Ivone Lara, Délcio Carvalho, Wilson Moreira, Nei Lopes,
Monarco, Xangô, Nelson Rufino, Silas de Oliveira, Aniceto do Império. É uma homenagem
ao Samba, Jongo, Ijexá, Afoxé, tantos ritmos e influências que jamais poderiam caber
em um parágrafo.
Outro craque dessa seleção do
Samba, de que não podemos nos esquecer, tanto pela ocasião de seu falecimento (30/03/12),
quanto pela sua importância no Samba baiano, foi Ederaldo Gentil. É dito que o
meia-esquerda do Esporte Clube Guarany, que teve ainda uma breve passagem pelo
Vitória, poderia facilmente seguir a carreira de atleta. Mas o chamado do Samba
foi mais forte.
Ederaldo nasceu no centro da
velha Salvador e ganhou destaque no bairro do Tororó, para onde se mudou na
adolescência, integrando a ala de compositores da Escola de Samba Filhos de
Tororó. Compositor de sucesso, conta-se que Gentil resolveu afastar-se de sua
Escola em 1969, sendo prontamente assediado pelas demais. Deste modo, em 1970,
à excessão dos Filhos de Tororó, todas as outras nove Escolas de Samba
desfilaram com um enredo de sua autoria.
O futebol e o Samba certamente já
viveram tempos melhores que os atuais. E o Samba da Sibipruna fará homenagem a
esses dois nomes de peso no dia 6 de maio, em celebração a esses tempos que não
voltam, mas que merecem ser lembrados. ‘Tem que ser agora, ou nunca mais’,
pois, quando menos se espera, ‘o ouro afunda no mar...’