Paulo Benjamim de Oliveira (1901 –
1949), popularmente conhecido como Paulo da Portela, tem uma importância para o
samba que perpassa seu pertencimento à agremiação carnavalesca da qual fundou
juntamente com Antônio Caetano e Antônio Rufino.
Nascido no centro da cidade, mas “alijado”
com sua família para região suburbana de Oswaldo Cruz em função da reforma
urbana especulativa e elitista de Pereira Passos (qualquer semelhança não é
mera coincidência), Paulo presenciou, naquele bairro pacato, de características
interioranas, diversas formas de manifestações afro-culturais, formando-se conscientemente
no padrão de sociabilidade traçado pelo seu povo.
Influenciado pelas rodas de samba
e batucadas que aconteciam as regiões mais centrais do Rio de Janeiro, Paulo
decidiu criar em Oswaldo Cruz, uma escola de samba, tal como o “Deixa Falar” do
Estácio, que posteriormente passou a ser chamada de GRES Portela.
Numa época em que a discriminação
ao negro suburbano e à sua cultura era generalizada e violenta (qualquer
semelhança também não é mera coincidência), a fundação de uma escola de samba
no subúrbio representava uma tentativa consciente de contrapor a cultura de seu
povo ao preconceito estabelecido.
Paulo carregava o sonho de ver o
negro e o suburbano inserido na sociedade de classes. Queria que esta mesma
sociedade os visse não como marginais, mas como homens e mulheres dignos, do
ponto de vista de sua cultura e de seu comportamento.
Por estes motivos sua conduta
perpassou sua agremiação. Exigia do sambista e do malandro postura adequada, ao
mesmo tempo que cobrava da sociedade e do poder público a valorização da
cultura popular. Figura carismática, porém de postura firme, Paulo foi daqueles
sambista que não alienou a arte do samba do contexto social e econômico
precário em que ele surgiu. Ele politizou portanto (para além do partidarismo
formal, do qual também fazia parte) o debate sobre a cultura popular, o contexto
social e seus realizadores (os artistas, os sambistas e o subúrbio).
Desde cedo Paulo foi reconhecido
pelos grandes sambista da época, tal como Cartola, um pioneiro. Vejo Paulo da
Portela como o Primeiro Militante do Samba, o primeiro que vestiu a camisa de
algo que está para além das disputas carnavalescas, para além dos requisitos financeiros
necessários à sobrevivência de qualquer músico (independentemente de ser
popular, profissional ou amador). Vestiu a camisa de uma causa, de um povo, de
uma cultura, e pagou por isso.
Relegado ao ostracismo, indiretamente
expulso de sua escola, Paulo da Portela viveu os últimos anos de sua vida de forma
melancólica, completamente esquecido. Mas sua luta não foi em vão. Muitos
Quilombos do Samba continuam se erguendo diariamente (e muitos não relacionados
ao samba também, influenciados direta ou indiretamente por sua postura).
O teu legado ficou para a
história e o teu nome NÃO caiu no esquecimento !!!!!
E é com muita honra que o Projeto
de Samba Sibipiruna fará uma singela homenagem a este grande homem neste domingo,
dia 04/05, a partir das 15 horas, no Bar Esquina 108 (Rua Julia Leite de
Barros, 108).
Links e fontes:
Paulo da Portela: Um Herói Civilizador (Edson Farias)
file:///C:/Temp/RCRH-2006-237.pdf
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_da_Portela
Documentário:
https://www.youtube.com/watch?v=nkTACE401wo
Links e fontes:
Paulo da Portela: Um Herói Civilizador (Edson Farias)
file:///C:/Temp/RCRH-2006-237.pdf
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_da_Portela
Documentário:
https://www.youtube.com/watch?v=nkTACE401wo