“ Ninguém sabe quem sou, também já não
sei quem sou
Eu bem sei que o sofrimento de mim até
se cansou
Na imitação da vida, ninguém vai me
superar...
...Dona Solução, reveja meu caso com
atenção...”
Imitação - Batatinha
por Rafael Yasuda
Neste mês o homenageado é gente boa.
Temos a alegria de cantar as composições de Oscar da penha, conhecido como
Batatinha. Nascido na cidade de Salvador, começou a compor e a cantar aos 15
anos quando ouviu pela primeira vez um samba do compositor carioca Vassourinha.
No início da década de 1940, trabalhou como office-boy do Diário de Notícias.
Nessa época, o jornalista e compositor Antônio Maria foi a Salvador para
dirigir a Rádio Sociedade da Bahia. Batatinha procurou-o e apresentou-lhe seu
primeiro samba, intitulado "Inventor do trabalho". Conhecido como
Vassourinha, devido à influência do sambista carioca, teve o apelido trocado
pelo próprio Antônio Maria, na apresentação de um programa de rádio, para Batatinha
- gíria que na época significava "gente boa".
Estudou música com o maestro Santo
Amaro de 1946 a 1947, mas gostava de batucar em caixa de fósforos, que usava
também para compor. Certa vez o compositor e amigo Riachão, assim o definiu:
"Uma cabeça cheia de cabelos brancos e cada fio uma nota musical".
Com Diplomacia (1997) revelando o Samba da Bahia (1975) compondo
e tecendo a Toalha da Saudade (1976), Batatinha e Companhia Limitada (1969)
mostrou que temos em Batatinha, 50 anos de samba (1993) e muito mais…
Suas músicas foram gravadas por muitos
artistas como Chico Buarque, Jamelão,Caetano Veloso,Gilberto Gil entre outros.
Sobre Batatinha escreveu Maria Bethânia: "Gosto de Batatinha, como gosto
da luz da lua, do som do tamborim, do samba em tom menor, das coisas tristes e
simples. Batatinha pra mim, é uma pessoa rara, um artista". Paulinho da
Viola, também escreveu sobre o compositor no encarte da segunda tiragem, em
1975, do LP "Samba da Bahia", do qual destaco o trecho: "Olá
Batata, qual a novidade? E Batatinha, um simples cidadão de Salvador, gráfico,
casado, pai de muitos filhos, alisa a cabeça branca e sorri. Apanha a caixa de
fósforos e desfia seu rosário - é assim que se diz no samba - para a felicidade
daqueles que tiveram o privilégio de estar perto dele e conhecê-lo. Paulinho
ainda o coloca ao lado de Nélson
Cavaquinho e Cartola, no nível da poesia popular mais pura. “Digno
representante do samba mais verdadeiro que conheço".
Batatinha também compôs o samba “
Bossa e capoeira “ e foi o primeiro a introduzir o tema da capoeira na música
popular. Depois dele, esse tema foi imortalizado por outros nomes (mais
conhecidos) que ficaram com todo reconhecimento. Tendo consciência do
ineditismo do trabalho que empreitava Batatinha diz: “Preciso falar sobre isso...quero
ser reconhecido como pioneiro”.¹
O Projeto de Samba Sibipiruna tem o
imenso prazer de homenagear esse poeta do samba Bahiano.Reconhecido e colocado
num patamar superior por inúmeros bambas que o projeto já homenageou em outras
edições ,tais como, Paulinho da Viola que coloca a obra de Batatinha ao lado de
Cartola e Nelson Cavaquinho. Batatinha,antes de tudo,um pai de família de
muitos filhos e trabalhador que batalhou por toda sua vida e morreu em 1997 sem
receber o reconhecimento merecido por seu trabalho como poeta sambista. Então
no dia 06 de abril às 15h30 o Sibipiruna
vai homenagear o poeta bahiano cantando alguns de seus sambas, porque como ele
dizia:
“ É proibido sonhar
então me deixe o direito de sambar...
“
Direito de Sambar - Batatinha
Fontes:
¹ Trecho
retirado da coleção MPB “ sambas da bahia “ na faixa “bossa e capoeira “ onde
há depoimentos de Batatinha.
http://rollingstone.uol.com.br/blog/musica-popular-brasileira/batatinha-o-sambista-baiano-que-deixou-saudade-no-coracao-da-mpb