domingo, 30 de junho de 2013

Paulo César Pinheiro - por Pedro Rossi



Paulo César Pinheiro merece todas as homenagens do projeto de samba Sibipiruna. Sua história pode ser medida pela categoria de seus parceiros, como Tom Jobim, Aldir Blanc, Moacir Luz, Dorival Caymmi, Lenine, Guinga, Carlos Lyra... e Paulo César tinha apreço pelas parcerias. “Parceria é um casamento que dura”, dizia ele que era o mestre em encontrar a palavra perfeita para cada sequencia melódica. Dos seus parceiros, aparentava conhecer o fundo da alma. Foi assim quando presenteou o amigo João Nogueira com parte da letra biográfica na parceria “Espelho”, referência obrigatória de todo sambista. E também quando escreveu que queria morrer no samba “de baquetas na mão”, para o mestre e baterista Wilson das Neves. Ou então quando escreveu a letra de “Refém da Solidão”, uma obra prima do samba, no momento em que o parceiro Baden Powell atravessava uma fase depressiva, na qual ainda cicatrizava uma separação.
Os sambas de Paulo César Pinheiro foram para os ouvidos do grande público especialmente nas vozes de João Nogueira, Elis Regina e Clara Nunes. Para Clara, com quem foi casado, compôs músicas que contribuíram para transformá-la em um mito do samba, como “Portela na Avenida”, “Canto das três Raças” e “Menino Deus”. Clara estava no auge de sua carreira e era a mais popular das cantoras brasileiras quando veio a falecer. Seu enterro comoveu o povo que se aglomerava para ver o cortejo sair da quadra da Portela. Da dor de sua morte, Paulo César compôs “Um Ser de Luz” com Mauro Duarte e João Nogueira, música que o compositor nunca conseguiu cantar pois, segundo ele, “só de pensar na letra, o choro já trava a garganta”.
Paulo César tem mais de mil músicas gravadas. Muitas delas já consagradas nas rodas de sambas, outras quase desconhecidas, escondidas na voz de intérpretes inexplorados e pulverizadas pelo mundo da música. Pesquisar o seu repertório é se deliciar com a palavra inesperada, com a poesia genuína, e com toda beleza que o samba pode oferecer.
Salve Paulo César Pinheiro, um dos maiores, senão o maior letrista da música brasileira!