Na sexta-feira (17/02), Ary do Cavaco completaria 80 anos. E certamente estaria emocionado com o desfile da Portela, a escola de sua paixão.
O velho Ary foi um baluarte da azul e branco de Madureira, tendo participado de disputas de Samba-Enredo desde os 20 anos de idade. E mesmo no ano de sua partida, participou da disputa. O Samba derradeiro não venceu, mas a história que Ary escreveu em linhas harmônicas e melódicas foi muito mais importante.
Quem não se lembra de clássicos como Lapa em três tempos, gravado por Paulinho da Viola (“abre a janela formosa mulher, cantava o poeta trovador”)? Ou os refrões marcantes de Mordomia, gravada por Guineto (“Ô, Maria, ô, Maria! vamos parar já com essa mordomia”), e Reunião de bacana (“Se gritar pega ladrão não fica um, meu irmão”). Ao lado de outras tantas canções marcantes, Ary cantou a passagem de um Rio de boêmios e malandros para uma cidade cosmopolita e caótica.
Neste carnaval, neste mês, neste ano, lembremos sempre se Ary do Cavaco e do tempo por ele exaltado, quando “o Samba era no chão, briga era na mão, e com malandro não tinha vacilação”.
Otacílio da Mangueira e Ary do Cavaco